sábado, 30 de outubro de 2010

Amanda

E como eu não posso perder o embalo senão acabo levando mais um mês pra escrever sobre o que eu quero...
Eu disse que ia emendar as postagens falando sobre Amanda.
Amanda pra vocês né? Pra mim é Mima...
Mima entrou no Atual (colégio) de Piedade quando eu estava no... meu deus, ela vai me matar, mas foi no primeiro ou no segundo ano? agora fugiu completamente... não que me importe muito a precisão. Bem, eu tenho por hábito me aproximar muito das pessoas e depois, com adventos inesperados, me acabo me afastando muito depois. E isso aconteceu também com Mima, mas isso é do meio pro fim.
Começamos a andar juntas e a fazer tudo que duas meninas no Ensino Médio podem fazer juntas: estudar, fazer trabalhos, sair, ir ao cinema, paquerar os meninos e conversar. Putaqueopariu como a gente falava. E não pense que necessariamente usávamos a boca para falar não. As folhas de caderno que tenho guardadas não me deixam mentir. Falávamos até de boca fechada.
Falávamos tanto que passávamos o dia no colégio, falando, íamos pra casa e conversávamos depois do almoço pelo telefone, e de noite depois da janta mais conversa. Nos finais de semana a coisa ficava pior: nos ligávamos logo cedo para combinarmos o cinema, íamos pro cinema cedo pra conversarmos antes do filme e saímos do shopping bem depois do filme ter acabado porque ficávamos conversando na praça de alimentação enquanto detonávamos um milk-shake de ovomaltine. E quando chegávamos em casa? íamos direto pro mIRC conversar. E tínhamos que ouvir das nossas mães: "mas vocês passaram o dia inteiro juntas, como é que ainda tem assunto pra conversa?". Infelizmente nem a gente sabe responder, mas que a gente tinha, ah isso tinha!

Passamos a ficar tanto tempo juntas que nossas letras ficaram parecidas. Nossas mães olhavam e não sabiam quem tinha escrito, se bem que a minha sempre arriscava aquela que ela achasse mais feinha porque nunca tive uma letra lá muito invejável. Mesmo eu tendo arrumado um belo de um namorado no terceiro ano, um site que surgiu na época detonando os alunos de todos os colégios de Recife (você selecionava na página inicial o colégio que queria saber as fofocas e bum! tava lá os maiores disparates) dizia que meu namorado era uma pastel por não ver que nós éramos sapatões e tínhamos um caso. Pois é, infelizmente a adolescência nos anos 90 não permitia que duas meninas fossem tão amigas assim... de uma crueldade tremenda. Ah e meu namorado não se importou com o fato de me chamarem de sapatão (ele sabia muito bem do que eu era capaz... e do que eu não era) mas ficou puto por chamarem ele de pastel...

Ela me pagou incontáveis pães italianos (nosso lanche preferido que custava R$ 1,00), quando as duas não tinham grana saíamos juntando de R$ 0,10 em R$ 0,10 até ter R$ 1,00. Para comprar um pão italiano e dividir? nops. Para comprarmos uma pipoca salgada (R$ 0,40) e um batom garoto (R$ 0,10). No 3º ano, quando tínhamos aula à tarde nosso almoço era o mesmo: cachorro-quente com coca-cola (aquela da garrafinha de vidro). Lá em Merinha, uma magrela doida que chamava todo mundo de folote (?). Foi na casa de Amanda que aprendi a tomar vitamina de abacate com umas gotinhas de limão.

Compramos um colar na Bali (aliás, a Bali era nossa loja. Tínhamos cartão fidelidade e tudo mais.) e compartilhávamos o uso, mas como Mima era mais habilidosa do que eu ela fez um igualzinho pra ela. Tínhamos uma bolsa carteiro também dessa loja. Tínhamos esse hábito de ter coisas parecidas ou até mesmo iguais. Fizemos grandes planos: viajar pelo litoral brasileiro de carro (queremos ter uma land rover), morar juntas...

Daí as coisas aconteceram, e tals, ela casou, se mudou pra Sampa e tals. E daí a gente dá um pulo até o dia que ela se separou e disse: "Li, tu num disse uma vez que tinha um curso aqui em Sampa que tu queria muito fazer?" e é claro que lembramos do plano: morar juntas.
Daí pra percorrermos o litoral dentro de uma land rover, é um pulo.

Nenhum comentário: